Falta de qualificação reduz competitividade da indústria nacional
Ter, 14 de Fevereiro de 2012 11:16

Falta de qualificação reduz competitividade da indústria nacional

 

O mercado de trabalho torna-se a cada ano mais disputado. Mesmo com a ampla concorrência, muitas vagas permanecem abertas durante meses, esperando alguém que se encaixe no perfil. A justificativa das empresas é a falta de pessoal qualificado para atuar no mercado de trabalho.
 
Mas algumas ações estão tentando diminuir o hiato entre profissionais e o mercado de trabalho. Um estudo sobre mão de obra no País, auxilia as micro e pequenas empresas a fazer um planejamento no setor de recursos humanos.
 
O levantamento é do Sistema de Inteligência Setorial (SIS) do SEBRAE/SC, e de acordo com a analista Maria Gorete Hoffmann, a qualificação deve ser prioridade tanto do empregado quanto do empregador. "È fundamental para que a indústria brasileira continue ampliando sua competitividade e qualidade diante dos concorrentes internacionais".
 
Sob efeito da crise
 
A pesquisa aponta que, desde 2008, o mundo sofre efeitos de uma crise econômica. Apesar disso, a retração econômica mundial não impede que o País viva um panorama diferente de alguns anos atrás e as empresas internacionais observam o mercado brasileiro em busca de novos negócios.
 
Tanto que, apesar da retração de 4,4% na produção industrial catarinense, houve o crescimento dos índices de emprego no setor de 4%, segundo dados da Federação das Indústrias de Santa Catarina divulgados no fim do ano passado.
 
Segundo Maria Gorete, motivada pela economia brasileira aquecida, as indústrias estão contratando recursos humanos em um volume superior, se comparado há anos anteriores. "O Brasil vive o cenário de pleno emprego, quando qualquer profissional, mesmo com pouca qualificação, consegue colocação no mercado."
 
Alerta
 
No entanto, a analista faz um alerta: "com falta de mão de obra qualificada, as indústrias devem desenvolver estratégias para reter os bons profissionais. A situação também exige seleção de pessoal fora da região e até mesmo fora do País, visto que há dificuldade de contratar novos empregados com aptidões".
 
O relatório aponta que o empresário deve estar atento: "o consumidor brasileiro sente os impactos de retração na economia mundial e da diminuição do crescimento industrial brasileiro."
 
Para ela, no momento que aparecer sinais inflacionários, se refletirá em mais cautela de consumidores e empresários. "Este cenário faz com que as empresas também sejam mais cautelosas em seus investimentos, como na contratação de mão de obra, gerando um ciclo vicioso negativo para o panorama a curto prazo", afirma. 
 
Alto investimento
 
Outro ponto destacado no relatório do SIS é que os custos decorrentes da rotatividade de mão de obra têm impactos significativos na qualidade e nos preços dos produtos. "As empresas não conseguem mais profissionais treinados e precisam desenvolver estratégias para mantê-los, decorrente do assédio e da facilidade de encontrar novas oportunidades de emprego para aqueles que possuem bom currículo", alega.
 
Para Maria Gorete, a qualificação exige altos investimentos e requer tempo para a preparação de profissionais. A criação de uma política efetiva de preparação da mão de obra brasileira é o caminho a médio e longo prazo para elevar a competitividade da indústria nacional. "A base dos problemas brasileiros está na falta de qualificação, o que não será resolvido de imediato e requer uma ação coordenada das entidades de classe e associativas, em conjunto com instituições governamentais, para a implantação de políticas que ofereçam opções para preparar os recursos humanos."
 
Já o diretor técnico do Sebrae catarinense, Anacleto Angelo Ortigara, o fator humano é elemento determinante para sustentar o pretendido crescimento e desenvolvimento econômico. "Ainda está longe de ser reconhecido e tratado com importância devida.
 
Curto prazo
 
Segundo Ortigara , o alto custo para formar é resultante da cultura de curto prazo, onde não se pode prescindir do tempo, conteúdo e método para viabilizar processos sustentáveis de capacitação humana para o trabalho. "a longevidade das Micro e Pequenas Empresas também depende disso e, quanto mais for investido com inteligência, maior será a expectativa de sucesso", finaliza o diretor.
 
Sobre o SIS
 
Lançado em 2007, o projeto atende quatro setores da economia catarinense: vestuário, calçados femininos, móveis de madeira e apicultura. De acordo com o gestor estadual do SIS, Douglas Luís Três, o grande diferencial é o apoio a grupos de empresas com características comuns, organizadas setorialmente. "Pagar sozinho por um serviço desses custaria muito caro para o empresário. O SIS é gratuito", enfatiza Douglas.
 
O ambiente de disseminação de informações estratégicas e troca de conhecimento entre empresários é feito por meio do portal www.sebrae-sc.com.br/sis
 
Os cadastrados podem solicitar uma pesquisa por mês, desde que o tema contribua com os outros empresários do setor. Existe ainda uma série de outras facilidades no portal, como o acesso a todos os relatórios já produzidos e a possibilidade de os usuários fazerem uma avaliação do que consideram mais importante para o seu setor.
 
Fonte: Mundo Corporativo