Os riscos no transporte de aerossóis
Seg, 24 de Fevereiro de 2014 17:58

Os riscos no transporte de aerossóis

Poucos se lembram de que uma lata de aerossol é um pequeno vaso de pressão, com os mesmos tipos de perigos que um equipamento pressurizado de grande porte possui, nestes, as válvulas de segurança funcionam como a barreira final contra grandes desastres, no caso das latas de aerossol, a norma NBR 14720, Edição Julho 2001, indica que a expansão do domo e do fundo da lata são a forma de alívio no caso de pressões excessivas.

Mas mesmo com tais dispositivos de segurança não podemos esquecer que os propelentes são gases com alto grau de expansão, pois em função desta propriedade física é que os mesmos são usados para carregar em forma de “spray” o produto embalado no aerossol, assim sendo a temperatura de transporte e manuseio é critica, pois uma pequena elevação em relação aos limites estabelecidos acresce de forma exponencial a pressão interna da lata.

No caso de materiais para ensaios não destrutivos fornecidos em forma de aerossol, os riscos relativos ao seu uso, são controlados pela utilização de pessoal treinado e qualificado, ciente das condições a serem evitadas, seja pelas informações obtidas em cursos ou mesmo pela “Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos” (FISPQ).

Porém o mesmo não acontece em relação ao transporte das latas, principalmente em situações onde é necessário fazer um ensaio longe da base e por conveniência ou custos são usados veículos de transporte de passageiros para levar o produto de um lugar para outro.

Em primeiro lugar essa prática não é sancionada pela resolução nº 420 da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) que trata do transporte de produtos perigosos, mas mais que atender a tal regulamentação, aqueles que se envolverem no transporte de aerossóis devem ter em conta que:

1)      Tal transporte deve ser sempre feito em um veículo de carga, com cabine separada da área de carga, em veículos do tipo furgão, recomenda-se o uso de uma barreira física entre a área de carga. Tal prática irá proteger o motorista e eventuais passageiros no caso da explosão de uma lata por excesso de pressão, além de facilitar a limpeza em caso de acidente, pois muitos materiais para ensaios não destrutivos são de difícil diluição  que tornam praticamente impossível a limpeza de estofados e acabamentos internos do veículo.

2)      Ter extremo cuidado com a temperatura interna do veículo, sendo que geralmente para aerossóis o limite é de 40 °C, perfeitamente atingíveis em cargas com alguma ventilação com o veículo em movimento. Deve-se evitar a manutenção das latas dentro de veículos estacionados, pois a falta de troca térmica pode rapidamente elevar a temperatura na área de carga acima dos limites das latas.

3)      Produtos químicos usados como matéria prima para a fabricação de materiais para ensaios não destrutivos tem limite de exposição aguda e causam sintomas no caso de contato sem proteção adequada, é recomendado que as informações da FISPQ sejam consultadas para o correto atendimento de pessoas ou ambientes afetados em caso de acidentes.

4)      Não supor nada em função da “experiência”, os parâmetros ditados por “FISPQ” e “Fichas de Emergência” devem ser de conhecimento dos que manipulam os materiais para ensaios não destrutivos.

Lembremos também que a tecnologia de aerossóis  em materiais para ensaios não destrutivos é útil em muitos casos pela facilidade de uso, e tendo-se o cuidado necessário em função dos perigos existentes, o risco envolvido é controlável e aceitável em função dos benefícios que tal embalagem traz aos usuários.

 

Autor: Guilherme Romboli